Não
pode! Mesmo com inúmeras informações e divulgação dos riscos dessa mistura, as
pessoas ainda misturam remédios e álcool, e essa mistura pode ter efeitos
severos e até mesmo causar a morte.
*Quando
o álcool potencializa o efeito do remédio?
Ocorre quando as enzimas que
metabolizam o álcool são as mesmas que metabolizam o remédio. Dessa forma, a
enzima fica ‘ocupada’ metabolizando o álcool e com isso o remédio fica mais
tempo na corrente sanguínea. Aumentando-se a produção de proteínas e o alongado
tempo de exposição do indutor faz com que ocorra um aumento das vias
metabólicas e que diminua a biodisponibilidade da droga. Rifampicina e
Carbamazepina são indutores do CYP1A2, CYP2C9 e CYP2C19, que são isoformas do
citocromo P450 que é um sistema enzimático largamente distribuído pelo corpo
humano.
*
Quando o álcool inibe a ação de um medicamento?
Ocorre nas pessoas que já são
consideradas bebedouras crônicas. Isso acontece porque o fígado está em
constante ação, consequentemente ocorre
um excesso de produção das enzimas hepáticas, logo, quando um medicamento chega
no fígado as enzimas já estão prontas para metabolizá-lo, sendo assim elas são
metabolizadas rapidamente e não tem tempo de ter seu efeito concluído. Estas
enzimas podem permanecer no organismo por inúmeras semanas, mesmo cortando o
consumo do álcool. O perigo do consumo dos remédios e álcool juntos é
principalmente o fato do organismo ficar sobrecarregado, podendo prejudicar o
seu funcionamento e causar doenças a longo prazo. Por muitas vezes a inibição
também ocorre por disputa pelo mesmo sítio ativo da proteína, por no mínimo
dois substratos. Uma consequência dessa inibição é o aumento da concentração
plasmática e diminuição dos seus metabólitos. Cetoconazol e Itraconazol que são
agentes antifúngicos, são inibidores da enzima protease e uns macrolídeos
inibem a CYP3A.
Obs:
CYP3A é uma isoforma do citocromo P450 que tem uma especificidade em um
substrato.
*Quando
o remédio aumenta o efeito álcool?
Existem alguns medicamentos que inibem a produção de
enzimas que metabolizam o álcool, assim sendo o álcool permanece mais tempo no
organismo e tem sua metabolização prolongada e seus efeitos também.
Diabetes e o álcool
Antidiabéticos
são remédios usados para o tratamento de diabetes. O uso com álcool pode causar
hipoglicemia. Hipoglicemia é a falta de açúcar no sangue, se ainda
houver álcool no fígado, este não produzirá glicose logo, ocorre a
hipoglicemia, para evitar isso o aconselhável é ingerir álcool junto com algum
alimento, assim o álcool vai ser absorvido retardamente. É o fígado que transforma
carboidrato em glicose e esta glicose
jogada na corrente sanguínea, assim não ocorre a hipoglicemia. Quando
ocorre o consumo de álcool, o organismo prioriza eliminar o álcool, em vez de
produzir a glicose, é nessa hora que falta glicose na corrente sanguínea e
ocorre a hipoglicemia. O diabético deve sempre medir a glicemia, antes, durante
e depois da consumação para evitar complicações.
A insulina é um hormonio produzido pelas células
Beta que estão no interior do pâncreas e sua função é regular a concentração de
glicose no sangue. No diabético mellitus há pouca ou nenhuma produção de
insulina, logo a glicose não consegue penetrar no sangue. O álcool eleva a
chance de ocorrer hipoglicemia principalmente em pacientes que utilizam remédios
para produção de insulina ou para aumentar o seu efeito, isso porque o álcool
inibe a gliconeogênese, que é a formação de glicose a partir de gordura,
proteína ou outras substâncias/compostos quando ocorre um jejum de longo prazo.
Curiosidades: Combinação
de álcool com outros remédios
Antibióticos: Tratar infecções. Pouco consumo de álcool não afetará o
efeito mas um consumo maior poderá provocar vómitos, dor de cabeça e ate mesmo,
convulsão.
Antidepressivos: Tratar depressão, transtorno obsessivo-compulsivo (TOC)
e do pânico. Pode vir a aumentar a pressão arterial e diminuir o efeito do
remédio.
Analgésicos e anti-inflamatórios: Esses remédios tendem a irritar e dar
um desconforto estomacal. Não é aconselhável misturar esse tipo de remédio com
álcool.
Ansiolíticos: Tratamento de ansiedade e insónia. A mistura de álcool com
o benzodiazepínicos é a mais perigosa porque desencadeia sedação, falta de
coordenação motora e prejuízo da memória, o que tem como consequência o risco
de acidentes.
Anticoncepcionais: Sua mistura com álcool não tem nenhum risco.
Sempre, antes de
consumir remédios, deve-se procurar um médico para saber como, quando e se pode
consumir álcool também, mas principalmente deve-se evitar o consumo dos dois
juntos, para evitar danos ao organismo e dependendo da concentração da mistura,
até mesmo a morte.
Bibliografia:
Larissa Lopes